quinta-feira, 17 de agosto de 2017

A Lenda da Riqueza de Obará



Eram dezesseis irmãos, Okaram, Megioko, Etaogunda, Yorossum, Oxé, Odí, Edjioenile, Ossá, Ofum, Owarin, Edjilaxebora, Ogilaban, Iká, Obetagunda, Alafia e Obará. Entre todos Obará era o mais pobre, vivendo em uma casinha de palha no meio da floresta, com sua vida humilde e simples.
Um dia os irmãos foram fazer a visita anual ao babalaô para fazer suas consultas, e prontamente o babalaô perguntou:

- Onde está o irmão mais pobre?

Os outros irmãos disseram-lhe que havia se adoentado e não poderia comparecer, mas na verdade eles tinham vergonha do irmão pobre. Como era de costume o babalaô presenteou a cada irmão com uma lembrança, simples, mas de coração e após a consulta foram todos a caminho de casa. Enquanto caminhavam, maldiziam o presente dado pelo babalaô. Morangas? Isso é presente que se dê? Abóboras?
A noite se aproximava e a casa de Obará estava perto, resolveram então passar a noite lá. Chegando a casa do irmão, todos entraram e foram muito bem recebidos, Obará pediu a esposa que preparasse comida e bebida a todos e acabaram com tudo o que havia para comer na casa. O dia raiando os irmãos foram embora sem agradecer, mas antes lhe deixaram as abóboras como presente, pois se negavam a come-las.

Na hora do almoço, a esposa de Obará lhe disse que não havia mais nada o que comer, apenas as abóboras que não estavam boas, mas Obará pediu-lhe que as fizesse assim mesmo.


Quando abriram as abóboras, dentro delas haviam várias riquezas em ouro e pedras preciosas e Obará prosperou.

Tempos depois, os irmãos de Obará passavam por tempos de miséria e foram ao Babalaô para tentar resolver a situação, ao chegar lá escutaram a multidão saldando um príncipe em seu cavalo branco e muitos servos em sua comitiva entrando na cidade, quando olharam para o príncipe perceberam que era seu irmão Obará e perguntaram ao Babalaô como poderia ser possível e ele respondeu:
- Lembram-se das abóboras que vos dei, dentro haviam riquezas em pedras e ouro; mas a vaidade e orgulho não vos deixaram ver e hoje quem era o mais pobre tornou-se o mais rico.
Foram então os irmãos ao palácio de Obará para tentar recuperar as abóboras e lá chegando, disseram a Obará que lhes devolvessem as Abóboras e Obará assim o fez, mas antes esvaziou todas e disse:

- Eis aqui meus irmãos, as abóboras que me deram para comer, agora são vocês que as comerão.

E quando o babalaô em visita ao palácio de Obará, lhe disse:

- "Enquanto não revelares o que tens, tu sempre terás."

E foi assim que se explica o motivo que quem carrega este Odú não pode revelar o que tem pois corre o risco de perder tudo, como os irmãos de Obará.




Texto: Autor desconhecido. 

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

GLOSSÁRIO - Iorubá



A

 

Abó = Liquido sagrado feito com ervas e ingredientes secretos, destinado a curas, banhos de purificação e cruzamentos de guias contra Kiumbas e banir todo tipo de vibrações perturbadoras.

 

Ade = Termo designado em especial os efeminados (nos candomblés) e genericamente; os homossexuais masculinos.

 

Abiã = Novato. Indivíduo que ainda não passou pela cerimônia de iniciação, propriamente dita; mas que já "deu" (realizou) o bori pré-iniciático.

 

Agibonã = Mãe criadeira, supervisiona e ajuda na iniciação.

 

Axogun = Ogã responsável pelo sacrifício dos animais. (não entram em transe).

 

Alagbê = Responsável pelos atabaques e pelos toques. (não entram em transe).

 

Adjá = Sineta ritual, com uma, duas, ou mais campânulas.

 

Amaci = Banho ritual, feito de ervas.

 

Ariaxé = Ponto central do barracão do terreiro, onde se encontram enterrados os "fundamentos" (folhas, pedras, objetos e símbolos mágicos).

 

Axé = Energia vital, sagrada, do orixá. Força espiritual. A força que está nos elementos da natureza, como animais, plantas, sementes e outros.

 

Agô = Permissão ou licença.

 

Ajeum = Comida oferecida.

 

Ayê = Terra.

 

Alá = Pano branco.

 

 

 

B

 

Babalawô = Pai do segredo. Sacerdote culto especialista em artes divinatórias. Homem sábio religioso dedicado a Mesa Ifá. 

 

Babá = Pai.

 

Babalorixá = Pai-de-santo.

 

Babakekerê = Pai pequeno, segundo sacerdote.

 

Balé = Espírito de morto; egun.

 

Barco = Conjunto de pessoas iniciadas no mesmo dia, pelo mesmo pai-de-santo, na mesma casa.

 

Bolar no santo = Forma preliminar e desordenada de transe que precede a iniciação.

 

Bori = Ritual de "dar comida à cabeça", realizado antes da iniciação e também quando é necessário fortalecê-la por alguma razão.

 

Brajá = Colar de contas feito de vários fios, truncado a certos intervalos conforme a numerologia dos orixás. É usado apenas por ebomis e símbolo de prestígio no candomblé. Também é chamado de elekê.

 

 

 

D

 

Decá = Espécie de autorização que legitima a senioridade, podendo o iniciado, a partir do seu recebimento, considerar-se um pai ou mãe-de-santo, estando apto a iniciar novos adeptos.

 

Dijina = Verdadeiro nome de um Orixá, mais exato do que seu nome exotérico.

 

 

 

E

 

Ewá = Orixá do Rio Ewá.

 

Exu = Orixá guardião dos templos, casas, cidades e das pessoas, mensageiro.

 

Egbomi = Pessoas que já cumpriram o período de sete anos da iniciação (significado: meu irmão mais velho).

 

Ekede ou Ajoiê = Camareira do Orixá (não entram em transe).

 

Egungun = Ancestral cultuado após a morte em casas separadas dos Orixás.

 

Egun = Morto; balé.

 

Ebó = Descarrego de más influências; limpeza espiritual.

 

Ebomi = Título de senioridade que se dá a quem já tenha dado a "obrigação" de sete anos.

 

Erê = Criança.

 

Ejé = Sangue.

 

 

 

F

 

Funfun = Branco.

 

Ferramentas = Insígnias que os orixás trazem nas mãos como símbolo de sua identidade mítica.

 

 

 

I

 

Iyá = Mãe.

 

Iyálorixá = Mae-de-santo. 

 

Ibá = Representação material do orixá da pessoa. Contem os otás (pedras onde é "fixado" o orixá) e os ferros que os representam. O assentamento também contém as insígnias principais dos orixás, moedas, búzios e os utensílios utilizados.

 

Ilá = Grito característico e identificador de cada orixá, sendo único para cada um.

 

Ilê = Casa, terreiro.

 

Iabá = Orixá feminino.

 

Iatebexê = Cargo feminino, geralmente dado a uma ekede, que tem como função cantar para os orixás, no barracão ou fora dele.

 

Iyakekerê = Mãe pequena, segunda sacerdotisa.

 

Iyalaxé = Cuida dos objetos ritual.

 

Iyabassê = Responsável pela preparação das comidas-de-santo.

 

Iaô = Filho-de-santo (que já incorpora Orixás).

 

Ifá ou Orunmila-Ifa = Ifá é o porta-voz de Orunmila. Orixá da Adivinhação e do destino.

 

Ifé = Cidade nigeriana e centro religioso dos Iorubás.

 

Ikú = Morte.

 

Iansã ou Oyá = Orixá dos ventos, relâmpagos, tempestade e do Rio Niger.

 

Iemanjá = Orixá dos mares e fertilidade.

 

Irôco = Orixá da árvore sagrada, (gameleira branca no Brasil).

 

Iná = Fogo, luz.

 

 

K

 

kelê = Colar que se amarra ao pescoço do iaô durante a iniciação e que permanece assim por três meses, conhecidos como período de kelê.

 

Kiumbas = Espíritos perturbadores de pessoas mortas que foram más durante a vida, tais como assassinos, estupradores, impostores, etc. Com séria intenção de fazer o mal.

 

 

 

L

 

Logunedé = Orixá jovem da caça e da pesca.

 

 

 

M

 

Màrìwò = As folhas desfiadas do dendezeiro que guarnecem as entradas de uma casa-de-santo contra os egún.

 

 

 

N

 

Nação = Rito religioso identificado às práticas das etnias de origem africana que foram trazidas ao Brasil.

 

Nanã = Orixá dos pântanos e morte.

 

 

 

O

 

Obrigação = nome que se dá às confirmações da iniciação (de dois em dois anos, existindo obrigação de 1,3,5,7 anos e, depois, quando se tiver condições de dar).

 

Omi = água.

 

Omó = filho.

 

Opelê ifá = Instrumento oracular do babalaô. Um tipo de corrente com oito metades de caroço de dendê, que jogados aleatoriamente resulta configurações em número de dezesseis e que em dois lances fornece 256 configurações chamadas odus. (PRANDI, 1991).

 

Ori = Cabeça, manteiga vegetal.

 

Obí = Noz de cola. Fruto de uma palmeira africana.

 

Orô = Cerimônia.

 

Olo = Senhor.

 

Orun = Céu.

 

Odú = Destino.

 

Odé = Caçador.

 

Ogâ = Responsável pelos atabaques e pelos toques (não entram em transe).

 

Ogum = Orixá do ferro, guerra, fogo, e tecnologia.

 

Oxóssi = Orixá da caça e da fartura.

 

Obaluayê = Orixá das doenças epidérmicas e pragas.

 

Oxumaré = Orixá da chuva e do arco-íris.

 

Ossaim = Orixá das folhas, os remédios. Conhece o segredo de todas as folhas.

 

Oxum = Orixá dos rios, do ouro e amor.

 

Obá = Orixá feminino do Rio Oba. Rei.

 

Olorun = Deus supremo.

 

Oxalá = Orixá maior.

 

Oyo = Cidade do povo Yorubá.

 

Ojé = Sacerdote do culto de Egun ou Egungun.

 

Obe = Faca.

 

Odara = Bem, ser/estar bem.

 

 

 

P

 

Peji = Quarto onde ficam as representações materiais dos orixás, chamadas de ibás.

 

Pupa = Vermelho.

 

 

 

Q

 

Quizila = Tabu, implicância, interdição, indisposição em relação a algo ou alguém, conjunto de proibições.

 

 

 

R

 

Roda de santo = Círculo formado em ordem hierárquica para a dança no barracão e que o faz no sentido anti-horário.

 

Roncó = Clausura. Espaço reservado ao recolhimento dos iniciados.

 

Rum = O maior dos três atabaques; dança principal dos orixás; a saída, na iniciação, em que o orixá veste, pela primeira vez, suas roupas rituais e usa suas ferramentas.

 

 

 

S

 

Saída = Festa em que o iaô, após o período de recolhimento para a iniciação, sai pela primeira vez, apresentando-se publicamente à comunidade do povo-de-santo.

 

 

 

V

 

Virar no santo = Entrar em transe.

 

 

 

W

 

Wáji = Nome litúrgico do anil.

 

 

 

X

 

Xangô = Orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.

 

Xirê = Ordem sequencial de cantigas para o orixá, cantada durante a festa; em iorubá significa dançar, brincar.